Devíamos ser eternas visitas. Deixarmos que aquilo que somos fosse morada constante para aqueles que passam por nós. Não uma visita turística para nos fotografarem por inteiro e nem sentirem o cheiro da vida que transportamos, ou nem sequer repararem nas linhas da humanidade que desenham a nossa autenticidade. Sermos visitas eternas para que todos pudéssemos saborear como é bom estarmos em casa que acolhe e que se dá. Permitirmos que nos descubram e redescubram, vezes sem fim, e encontrarmos, deste jeito, lugares que são tão nossos e que vivem silenciosamente no nosso ser.
Devíamos ser eternas visitas. Visitarmo-nos uns aos outros para acabarmos de uma vez por todas com estas desconfianças incessantes como se não percorresse, em cada um de nós, a sede de sermos mais e melhores, como se não buscássemos a estrada de Damasco à espera de que algo ou alguém nos converta para a verdade daquilo que somos. Deixarmo-nos visitar e assim colocarmo-nos na presença do outro sabendo que as paredes da nossa existência são fabricadas através da nossa fragilidade, mas que também se deixam sustentar pelo bom e o belo que existe em nós. Precisamos de visitar e que nos visitem, de preferência os nossos cantos e recantos, para que muitos se descubram nas nossas sombras e para que tantos outros se alegrem e se desprendam na luz do nosso viver.
Devíamos ser eternas visitas. Andarmos de portas escancaradas e arejadas. Caminharmos entregues a uma confiança que se deixa semear cheia de esperança.
Devíamos ser eternas visitas e seríamos descobridores do mundo e do Homem. Devíamos ser eternas visitas para deixarmos que as nossas vidas fossem encontro para tantos desencontros!
Emanuel Antonio Dias
iMissio