Vivemos tempos em que as relações humanas exigem de nós um alto grau de exposição ou mesmo de uma cobrança social que nos “pede” para que “sempre estejamos bem e felizes”. As redes sociais trazem consigo uma boa fatia dessas exigências e podem nos confundir imensamente. As consequências, muitas vezes, trazem a depressão, o estresse e a ansiedade. A correria cotidiana, as dificuldades econômicas do país, a insegurança pública e tudo mais têm gerado uma série de dificuldades emocionais entre as pessoas.
Em todas essas situações, notamos que o estresse, muitas vezes, se manifesta. A saber, o estresse se instala devido a uma “carga excessiva de estímulos estressantes, situações angustiantes que o indivíduo passou ou está passando, como a morte de alguém importante, o término de um relacionamento, eventos estressantes, onde se enquadram viagens, casamentos, mudança de cidade ou país, situação financeira, doenças ou a simples dificuldade de encarar o dia a dia, e de se adaptar no meio social” (Lipp, et al, 1998).
Muitas são as formas de lidar com essas pressões cotidianas, mas podemos pensar em algumas situações favoráveis em nossas relações.
O que é essencial para vivenciarmos melhor nossas relações?
Um elemento que se faz essencial e, muitas vezes, a tecnologia tem nos tirado é a qualidade de nossa comunicação. Nossa conversa, a expressão de nossas ideias e uma boa conversa frente a frente, tendo contato humano de fato, olhando nos olhos e vendo as reações do outro têm sido deixado de lado.
É muito fácil “escrever sentimentos ou deixar de escrevê-los” pela tela do celular ou de um computador. Estamos perdendo a habilidade de identificar as emoções no outro, de agir com empatia, ou seja, de nos colocarmos no lugar do outro e sentir sua dor, ou mesmo entender as circunstâncias que levam o outro a pensar ou agir de determinada maneira.
Essa “falta de atenção” pode, muitas vezes, levar aos desentendimentos em situações das mais simples possíveis: todos nós conhecemos alguém, algum casal, amigos, colegas de trabalho que andam se desentendendo demais.
Nossos relacionamentos podem oferecer grande ajuda a quem está bem perto de nós: quantas vezes você parou para reparar naquele que vive dentro da sua própria casa, naquele que trabalha com você, no seu marido ou na sua esposa, no seu namorado ou na sua namorada?
Quais são as maiores dificuldades nas relações?
Percebo que muitas das nossas dificuldades nos relacionamentos moram bem aí: na dificuldade em falar sobre o que pensamos, bem como a dificuldade para falar do que necessitamos para nos relacionarmos bem. Parte ainda da dificuldade que temos em ouvir o outro sem dar uma opinião prévia, ou seja, ouvir sincera e empaticamente, ouvir de coração aberto, a partir da nossa mudança de atitude, mudará também nossa forma de conviver com o outro, bem como ajudar o outro.
Temos olhado ao nosso redor? Muitos, bem perto de nós, precisam do nosso olhar atento, hoje mesmo, precisam da nossa escuta empática e da nossa proximidade.
Observemos como temos nos comunicado, qual é a qualidade do que falamos, a entonação da voz, a verdade nas palavras, a assertividade do que pensamos e para quem dizemos. Lembremo-nos do tempo: dediquemos tempo, com qualidade, para falar coisas importantes. Não falemos no meio do caminho, preparemo-nos para dizer. E, acima de tudo, preparemo-nos para ouvir o outro. É essencial ouvir bem para comunicarmos bem. Se deixarmos a nossa audição apurada, perceberemos mais, e tudo ganhará qualidade. Pensemos nisso!
Elaine Ribeiro
Psicóloga Clínica e Organizacional