
Homilia do 1º Domingo do Advento – Celebração da 1ª Eucaristia Comunidade Santíssima Trindade
Estamos iniciando o Tempo do Advento; esse tempo tão rico que nos prepara para o Natal, ajudados pela Coroa do Advento com suas quatro velas. Cada semana que antecede o Natal precisa ser cada vez mais iluminada com a luz de Cristo. Hoje celebramos também a 1ª Eucaristia das crianças e adolescentes da Catequese. Acompanhadas pelos pais, hoje elas irão receber o segundo Sacramento da Iniciação Cristã: a Eucaristia.
Como sabemos, são três os Sacramentos da Iniciação Cristã: o Batismo, a 1ª Eucaristia e a Crisma. O primeiro Sacramento vocês, pais, já conferiram aos seus filhos quando eles nasceram e, sem que eles tivessem a razão, vocês os levaram à Igreja para que fossem batizados.
Hoje essas crianças e adolescentes irão receber o segundo Sacramento da Iniciação Cristã. Essa palavra “Iniciação Cristã”, crianças, é importante, pois senão vocês podem cair no erro de pensar que ao receber a 1ª Eucaristia agora vocês já são independentes, que já podem caminhar sozinhos, que podem ir à missa onde vocês quiserem; etc. Não é bem assim. Depois que vocês receberem este segundo Sacramento, ainda vem o terceiro, que é a Crisma e que conclui os chamados Sacramentos de Iniciação. Hoje em dia, recebemos a Crisma quando adolescentes. Antigamente esse Sacramento era recebido no seio da mãe. Por isso são chamados Sacramentos de Iniciação Cristã.
Hoje queremos nos deter neste segundo Sacramento. Jesus disse: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente”. Os discípulos àquela época devem ter se envolvido em uma grande confusão. – Como assim? Vamos ter que comer a carne de Jesus? – E Jesus disse ainda: “Pois a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue verdadeira bebida.” Aqui Jesus se refere ao próprio alimento. Não lá no céu, mas já aqui na terra. Ou seja, quem se alimentar da Fonte não terá mais fome.
Fazendo uma pequena comparação, podemos pensar o seguinte: todos os dias nós almoçamos – arroz, feijão, salada e carne. O corpo é alimentado e fica saciado. Ainda assim é natural que voltemos a sentir fome e procuremos mais alimento. Se deixarmos de nos alimentar, o corpo enfraquece e fica debilitado, indisposto. Assim, hoje Jesus está querendo nos dizer que o seu alimento fortalece não o nosso corpo, mas o nosso espírito. Quem se alimenta da Eucaristia -“Tomai todos e comei; tomai todos e bebei”- não terá fome.
A primeira fome é a do estômago; mas a segunda não. Então quem não se alimenta da Eucaristia todos os finais de semana, do Corpo e do Sangue do Senhor, começa a ter fome de falta de caridade, de falta de perdão, de falta de atenção para os irmãos, de falta de cuidado com as pessoas mais necessitadas. Nesse sentido, cada vez que não nos alimentamos da Eucaristia a semana fica fraca, nós ficamos fracos. Todos nós, crianças e adultos, precisamos nos alimentar da Eucaristia diariamente – “Quem come da minha carne e bebe do meu sangue, permanece em mim e eu nele”. A carne de Jesus é o alimento que nos fortalece e o sangue de Jesus a bebida que nos purifica.
Quando recebemos o Corpo de Cristo, com os olhos não vemos mais do que um pedaço de pão. Mas é preciso crer com os olhos da fé no Mistério que ali se esconde. Para nos ajudar, podemos pensar: Alguém é capaz de ver o amor? O amor é algo muito importante, essencial para a nossa vida, mas ainda assim nós não conseguimos vê-lo. O Mistério da Fé também é assim. Quando o padre diz: “Eis o mistério da fé”; prostramo-nos e respondemos “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição”.
Daqui a pouco, quando o padre oferecer a vocês o Corpo de Cristo, vocês irão responder “Amém!”, na certeza de que ali não é mais o pão sem fermento, feito de água e trigo, mas será o Corpo de Cristo. É claro que não é algo orgânico, não é carne precisamente; mas é o Corpo de Cristo. E é a nossa fé que vai dizer isso. Da mesma forma que você não vê o amor, mas o traduz através de gestos; assim vai acontecer quando cada um receber o Corpo e Sangue do Senhor e este alimento irá se tornar uma verdadeira graça para nós. Desse modo, cada criança e adolescente aqui presente que irá receber o Corpo e o Sangue de Cristo pela primeira vez irá fazer memória do mandamento de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. A partir do momento que comungamos o Corpo do Senhor, a nossa vida também se configura em Cristo. Ao comungar, estamos entregando a nossa vida para Jesus. Assim, as suas e as nossas atitudes devem ser de paciência, de perdão, de caridade, de religiosidade, etc.
A Eucaristia é um verdadeiro dom que vocês, crianças, irão receber a partir de hoje. Não abram mão deste presente! Todo domingo é o dia que nós recordamos a Ressurreição de Cristo. Jesus nos espera. Ele não irá nos buscar nas nossas casas. É importante compreender isso. Pai, mãe, crianças: Jesus não vai nos buscar em casa! Como aconteceu na Ressurreição, não foi Jesus ressuscitado que foi buscar as pessoas em casa, mas as pessoas é que foram ao encontro de Jesus ressuscitado. São vocês que precisam mostrar aos seus pais o quanto isso é importante para vocês: participar da missa; ouvir a Palavra de Jesus; ver Jesus na Eucaristia; reconhecer que Jesus está ressuscitado no nosso meio.
Do domingo podemos extrair quatro aspectos. Primeiro: Domingo é dia da Eucaristia. É o mais importante dos aspectos. É o dia que nós recordamos a Ressurreição do Senhor. Segundo: Domingo é dia do Senhor. Não é dia dos meus familiares, mas dia do Senhor. Nesse sentido, devemos dedicar mais tempo para o Senhor. Não podemos ficar apenas descansando como se fosse somente um dia de folga, sem dedicar tempo à oração, para estar com a família. É dia de encontro com o Senhor. É Ele mesmo que quer se encontrar com cada um de nós.
Terceiro: Domingo é dia da Comunidade. É o dia no qual nos encontramos com nossos amigos e colegas da nossa comunidade de fé. Nesse sentido, se passarmos o dia inteiro sozinhos com nossa família, estaremos sendo egoístas. Há pessoas que se justificam alegando que estando apenas com suas famílias num sítio, por exemplo, estão reunidas na Igreja Doméstica. No entanto, a Igreja Doméstica; como podemos ver nos Atos dos Apóstolos, é traduzida naqueles momentos nos quais nos reunimos para rezar. Reunir-se com a família para momentos de lazer e descanso é muito bonito, mas não traduz a Igreja Doméstica. Quando alguém falta à missa, nós deveríamos sentir sua falta, pois somos todos irmãos. Com nossas famílias, nos reunimos de 2ª à domingo; mas no domingo é o Senhor que nos reúne.
Quarto aspecto: Domingo é dia da família. Devemos ter a consciência de que ir à missa como família é ir ao encontro da Comunidade, é ir ao encontro dos nossos irmãos. Domingo é um tempo/espaço para o encontro com o Senhor; é um tempo/espaço para a Comunidade e para a família. Depois, alimentados pela Eucaristia, como família vocês irão retornar para casa como uma extensão dessa mesma Eucaristia. Ninguém vai tomar refeição isolado num quarto ou falar mais alto do que o outro, mas irão conviver como família, ouvindo o que eles tem de bom para dizer, o que aconteceu ao longo da semana.

Parabéns a vocês, crianças, que hoje irão receber a Eucaristia pela primeira vez. Parabéns aos pais, pois incentivaram seus filhos a chegarem até aqui. Cuidem muito bem dessas crianças e concluam esse processo de Iniciação Cristã. A partir do momento que elas concluírem os Sacramentos de Iniciação, suas escolhas de fé já não dependerão mais dos pais; mas serão livres. Assim, se optarem por casar, elas é que irão tomar essa decisão. Se escolherem o sacerdócio ou a consagração, elas é que responderão pela escolha que fizerem. Se antes foram os pais os responsáveis por sua caminhada de fé, após receber os Sacramentos da Iniciação essas crianças poderão dizer aos pais que agora já são maduras o suficiente para fazerem suas próprias escolhas de fé.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Pe. Anderson Soares – Pároco