Hoje celebramos uma festa litúrgica muito importante: a Solenidade de São Pedro e São Paulo. Na primeira leitura, tomada dos Atos dos Apóstolos, ouvimos a narrativa da prisão de Pedro. Mas Pedro não foi o primeiro a ser martirizado. Dos apóstolos de Jesus, Tiago foi o primeiro mártir; foi o primeiro a ser assassinado. Aliás, a decisão de Herodes de prender Pedro foi depois de o mesmo ter mandado matar Tiago. Através deste ato, ele viu que era algo interessante no sentido de segurar o número dos cristãos que estava crescendo. Ainda neste trecho temos a saída miraculosa de Pedro da prisão.
Na segunda leitura, na Carta de Paulo a Timóteo, temos um trecho muito bonito que poderíamos intitular “Declaração de amor do Apóstolo Paulo a Jesus Cristo”. Eu acho, e gostaria de sugerir a vocês, que na nossa vida cada um de nós deveria deixar uma espécie de declaração de amor a Jesus Cristo por escrito para que fosse lida somente depois de nossa morte. É um testamento espiritual.
O Apóstolo Paulo diz assim: “O Senhor esteve ao meu lado. Ele me deu forças e fez com que a mensagem do Evangelho fosse anunciada por mim integralmente e ouvida por todos”. Depois ainda diz: “Eu fui libertado da boca do leão pelo Senhor. O Senhor me libertará de todo o mal e me salvará para o seu reino celeste”. É Paulo deixando como herança, como legado essa Palavra tão interessante, tão bonita.
Finalmente, no texto do Evangelho temos o trecho onde Jesus declara “Tu és Pedro” e “Te darei as chaves do Céu”. Jesus pergunta aos discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?”. Aqui vemos Jesus que está buscando no coração dos seus discípulos a certeza de que eles crêem. Aí vem a resposta de Simão Pedro: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo!”. Nesta resposta não sobra e não falta nenhuma palavra. Quem é Jesus? Pedro dá a resposta exata. Esta afirmação de Pedro faz com que ele mereça de Jesus o reconhecimento: “Feliz és tu, Simão…”. Após elogiá-lo, Jesus dá a Pedro uma missão: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e nada poderá destruí-la”.
O salmo 33 resume toda a liturgia da Palavra de hoje: “De todos os temores me livrou o Senhor Deus!”. O que hoje estamos meditando? Estamos meditando sobre a fé. Observem que a fé de Paulo e a fé de Pedro passam a ser um modelo exemplar para nós. Nós temos fé? A nossa fé é firme o suficiente para enfrentarmos todas as dificuldades de nossas vidas? A fé destes dois apóstolos tinha duas consequências. Primeira: Eles perderam o medo de testemunhar Jesus Cristo; o medo de ser cristãos numa realidade na qual não se podia ser cristão. Porque ser cristão significava mudar a ordem das coisas na sociedade. Isso gerava muito medo. Retomando o que eu disse no início, Tiago já havia sido assassinado por causa da sua fé. Mas também muitos outros cujos nomes nós não sabemos tiveram o mesmo fim por serem cristãos. Portanto, quando eu digo que a fé de Pedro e de Paulo era uma fé que fez com que eles vencessem o medo, eu estou dizendo que a nossa fé precisa ser forte o suficiente para que não tenhamos medo.
Segunda consequência: Não tendo medo, eles continuavam evangelizando. Evangelizar é a nossa missão. Evangelizar é oferecer a Boa Notícia, que é a pessoa de Jesus, aos outros. Hoje eu vejo muito as crianças crescendo nas suas famílias e raramente dentro de seus lares se fala o nome de Jesus, pois essas pessoas não se tornaram evangelizadoras, ofertantes da pessoa de Jesus ao outro. Pedro e Paulo perderam o medo e assim foram capazes de evangelizar. A pergunta é: A quem nós evangelizamos?
Por último, tudo o que eu disse de Pedro e de Paulo, revela o grande amor que eles tinham por Jesus. Nós amamos a Jesus Cristo de fato? Ele é o Senhor da nossa vida, nós temos toda a consideração para com ele? Nós o sentimos próximo como amigo de cada um de nós? Nós damos a ele o melhor que nós somos? A solenidade de Pedro e de Paulo nos convida a refletir sobre a nossa fé. Que fé nós temos? Que fé nós podemos ter para sermos mais fiéis a Jesus Cristo a exemplo de Pedro e de Paulo?
Dom Joaquim Mol
Missa da Crisma dos Jovens