Paróquia

Comunidade Nossa Senhora Aparecida

Domingo
07h - Rua Zilda Gama Nº 250- Bairro Havaí
Sexta-feira
19h30 - 1ª sexta feira do Mês: Rua Zilda Gama Nº 250 Bairro Havaí
Sábado
18h - Rua Zilda Gama Nº 250- Bairro Havaí
DE 03 A 12 DE OUTUBRO - NOVENA DE N. Sra. APARECIDA

19h

TODO 12 DE CADA MÊS - NOVENA ANUAL Á NOSSA SENHORA APARECIDA

19h30 - caso dia 12 caia no final de semana , a celebração será regida pelo horário do final de semana

Comunidade Santíssima Trindade

Domingo
08h30 - Rua Crisântemo Nº 301- Bairro Marajó
Terça-feira
19h30 - Rua Crisântemo Nº 301- Bairro Marajó
Sexta-feira
07h - 1ª sexta feira do Mês: Rua Crisântemo Nº 301- Bairro Marajó
2º DOMINGO APÓS PENTECOSTES - FESTA DA SANTÍSSIMA TRINDADE

08h

TODO DIA 21 DE CADA MÊS - DEDICADO AO CENTENÁRIO DA LEGIÃO DE MARIA

19h30 - caso dia 21 caia no final de semana , a celebração será regida pelo horário do final de semana

Comunidade Sagrada Família

Domingo
10h - Rua Peônia Nº 81- Bairro Havaí
19h - Rua Peônia Nº 81- Bairro Havaí
Quarta-feira
19h30 - Rua Peônia Nº 81- Bairro Havaí
3º DOMINGO DE AGOSTO - FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA

19h

Homilia da Solenidade de Corpus Christi

Eucaristia: Sinal de compromisso com Deus e com os irmãos

Irmãos e irmãs; quero retomar apenas uma frase da Sequência para que fique guardado no nosso coração: “Em sinais prefigurado/ Por Abraão foi imolado/ No cordeiro aos pais foi dado/ no deserto foi maná”. É uma clara prefiguração da Eucaristia. É o que nós vemos nas leituras propostas pela liturgia de hoje.

A primeira leitura, tomada do Livro do Êxodo 24, 3-8; Moisés vai dizer que Deus realiza a Aliança com o seu povo. E como se deu essa Aliança com seu povo através de Moisés? O texto sagrado vai dizer que Moisés veio e transmitiu ao povo todas as palavras do Senhor e seus decretos e o povo respondeu: “Faremos tudo o que o Senhor nos pediu”. E como foi esse registro lá no Monte Horeb? – “Levantando-se na manhã seguinte, ergueu ao pé da montanha um altar para representar a presença divina ali naquele momento, e doze marcos de pedra pelas doze tribos de Israel”. Nesse gesto podemos ver a preocupação de Moisés em incluir todo o povo, de modo que ninguém ficasse de fora dessa aliança com o Senhor. “Em seguida, mandou alguns jovens israelitas oferecerem holocaustos e imolar novilhos como sacrifício ao Senhor”. A Aliança neste momento se dá através do sangue dos novilhos imolados. Na leitura vai dizer que metade do sangue foi aspergida por Moisés sobre o altar edificado ao Senhor; e a outra metade do sangue sobre todo o povo para dizer que a Aliança entre o Senhor e o povo se dá por um elemento: o sangue. No entanto, aqui não consiste no elemento vital para todos nós, mas o sangue é a maneira de demonstrar a vida. A Aliança, então, se dá pela vida.

Moisés tomou o Livro da Aliança, o leu em voz alta e o povo respondeu – ‘Já dissemos, Moisés, que faremos tudo conforme o Senhor ordenou e lhe obedeceremos’.”. Aqui nós vemos, no Antigo Testamento, uma aliança definitiva entre Deus e o povo que se deu por um elemento: o sangue. Não o sangue de um ser humano, mas o sangue dos animais. Uma vez que esses animais eram consagrados ao Senhor – por isso se diz holocaustos e sacrifícios – o sangue oferecido se tornava sagrado. O fato de não poder ser qualquer animal nos ajuda a entender que esta Aliança se faz através de algo sagrado. O sangue oferecido é algo sagrado.

No Evangelho de hoje (Mc 14, 12-16.22-26), Jesus retoma com o povo essa Aliança. Porém agora ela não se dará mais com o sangue de animais, mas continua sendo através do sangue. Se o elemento principal é o sangue, seja a antiga aliança, seja a perpétua aliança em Cristo; se dá por um elemento: pelo sangue. Em Jesus não se trata apenas de aliança, mas de compromisso – “No primeiro dia dos Ázimos, quando se imolava o cordeiro pascal (…)”. Na tradição do Antigo Testamento temos a figura do cordeiro imolado. Na preparação narrada no Evangelho de hoje aparentemente não temos o novilho. Esse elemento é para dizer que a Aliança já não se dá mais como no sacrifício antigo. O cordeiro continuará existindo, mas não se trata mais de um animal. É outro cordeiro que agora se oferece como pão repartido.

Os discípulos então perguntaram: Onde quer que façamos os preparativos para comerdes a Páscoa?”. A Páscoa, ou seja, a Aliança que se deu no Antigo Testamento, não pode ser improvisada. Ela sugere uma preparação digna, como vai dizer o texto sagrado na sequência. – “Jesus enviou dois de seus discípulos” – Jesus não enviou apenas um, mas dois discípulos, ou seja, a Comunidade, para dizer que o envio é comunitário. – “Ide à cidade. Um homem carregando um jarro de água virá ao vosso encontro”. – Se tomarmos o Evangelho de Marcos antes do capítulo 14; veremos que em nenhum momento ele vai dizer que Jesus esteve em Jerusalém. Os outros três evangelistas vão dizer que Jesus celebrou a Páscoa em Jerusalém. Somente o evangelista Marcos, o primeiro deles, não relata nenhum momento no qual Jesus tenha estado lá. Nesse sentido, como é possível que ele conhecesse alguém de modo tão íntimo a ponto de orientar os discípulos como o fez no texto de hoje?

Essa narrativa nos sugere não somente algo histórico, mas também teológico – “Um homem carregando um jarro de água virá ao vosso encontro” – Quem é esse homem carregando um jarro de água? Quem, no Evangelho de João, carregou um jarro de água indo ao encontro dos discípulos, se abaixou e se pôs a lavar os seus pés? É o próprio Jesus que vai ao encontro dos discípulos numa atitude de serviço. Por isso Jesus segue dizendo: “Segui-o!”. Ou seja, segui o exemplo daquele que está com esse jarro de água e virá ao vosso encontro. – “(…) E dizei ao dono da casa em que ele entrar: ‘Onde está a sala em que vou comer a Páscoa com meus discípulos? ’ Então ele vos mostrará no andar de cima uma grande sala arrumada com almofadas.” – Não é em qualquer lugar, mas não condiz com as imagens da Santa Ceia que conhecemos. Através das representações, percebemos que era um lugar muito simples, pobre. Nesse sentido, parece que essa fala de Jesus entre em contradição. Mas, ao mesmo tempo em que se dá a ceia terrena, ele já visa a ceia definitiva, no andar de cima, no céu. Todas as vezes que celebramos a Eucaristia, no aqui e agora já vislumbramos a Páscoa definitiva que se dará com todos nós. Assim aqueles que vivem a Eucaristia vivem não apenas uma aliança, mas um compromisso com aquele que se deu no pão e no vinho.

Encontraram tudo como Jesus havia dito e prepararam a Páscoa” – Aqui poderíamos parar, uma vez que logo após já é a introdução da ceia em si. – “Enquanto comiam; Jesus tomou o pão, deu graças, partiu e o entregou dizendo: ‘Tomai, isto é o meu corpo’ (…) em seguida tomou o cálice e, dando graças, entregou-o aos seus discípulos dizendo: ‘Isto é o meu sangue. O sangue da aliança que é derramado em favor de muitos’.” – Ao mesmo tempo, os gestos e as palavras de Jesus se fazem Sacramento. Aqui ele quer nos lembrar da aliança que o povo e Moisés fizeram com Deus. É o mesmo sinal, porém não se dá mais por meio de sangue de animais, mas pelo seu próprio sangue.

A Eucaristia celebrada por Jesus com seus discípulos naquele dia sugere um enorme compromisso.  É impossível firmar aliança com Deus sem sacrifício. Muitos não o suportam. Por isso, ao entrar na Eucaristia precisamos firmar este compromisso, sabendo que ela, antes de tudo, é uma Aliança, mas também um sacrifício que nos pede até nosso próprio sangue; sinal dessa Aliança. Toda Eucaristia nos compromete. Nesse sentido, aquele que falta com o compromisso com a Eucaristia falta com o compromisso com a comunidade de fé, porque não perpetua na sua vida essa Aliança contraída não por meio do sangue de novilhos, mas com o sangue de Cristo.

Na segunda leitura, tomada da Carta aos Hebreus 9, 11-15, o autor sagrado faz uma comparação. O sacrifício oferecido pelo sacerdote hoje é feito juntamente com toda a comunidade, mas é distinto do sacrifício oferecido por Cristo. O sacrifício de Cristo foi único, irrepetível. O nosso sacrifício se dá repetidamente e é incompleto. Outra comparação que ele nos apresente é a de que Jesus entrou de maneira definitiva no Santuário, rompendo o véu de separação entre o homem e Deus. No Antigo Testamento vemos que havia espaços reservados nos quais apenas os líderes religiosos podiam entrar – o Tabernáculo, onde estava o Santo dos Santos. Através da Nova Aliança, Jesus rompeu esse véu. No entanto, nossa vida ainda está presa a essa questão, de forma que ainda existem exclusões dentro de nossas comunidades. Voltado à Sequência, vemos que a Eucaristia “dá-se ao bom e ao perverso/ mas o efeito é bem diverso/ vida e morte trás em si”. Ou seja, Jesus não veio para os santos, mas para os pecadores.

Por fim, o autor sagrado ainda faz uma última distinção entre o sacrifício de Jesus e o do sacerdote terreno: O sacrifício de Cristo se deu com sua própria vida. Embora o padre celebre com os dons eucarísticos, nossa entrega não é total como foi em Cristo Jesus. Na carta aos Coríntios, Paulo demonstra essa preocupação. Como é possível deixarmos um irmão à mercê, necessitado de nossa atenção e cuidado, e chamarmos a isso Eucaristia? A Eucaristia precisa nos transformar. Ninguém deveria sair da mesma forma que chegou, pois a Eucaristia é um compromisso.

O Ato Penitencial foi introduzido na Liturgia muito depois do nascimento das primeiras comunidades cristãs. Nos primeiros séculos, em nenhum momento existia o ato penitencial, mas apenas a ação de graças, a louvação, para dizer que a Eucaristia é espaço de todos. Introduziu-se depois o ato penitencial em virtude da Palavra de Deus, mas é preciso cuidado para que o mesmo não seja um momento de sentimentalismo e termine por esvaziar o compromisso com a Eucaristia. Se nossas celebrações são apenas sentimentalismo, um supermercado religioso, uma satisfação pessoal, a Eucaristia perde seu valor de compromisso selado na nova aliança com Cristo.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Anderson Soares – Pároco

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