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[Artigo] O simbolismo da aliança na leitura bíblica – Neuza Silveira

Percorrendo o caminho da leitura, vamos fazer uma pequena parada e refletir sobre uma das mais belas reflexões alegóricas que temos na Bíblia: a aliança de amor de Deus com seu povo.

Desde os primeiros escritos bíblicos encontramos esse amor explícito de Deus para com seu povo. No princípio, ao criar todos os seres vivos: a natureza, os animais e o ser humano, Ele já deixa um sinal do seu amor: dá ao homem o direito de cuidar de toda a sua criação e ainda lhe oferece um dia de descanso: o sábado.

Depois, no caminhar da história, Deus, ao perceber que não agiu bem com seu povo, faz uma promessa: a de não mais castigá-los com o dilúvio. E para não se esquecer dessa promessa coloca no céu um sinal: o arco-íris. E assim, no decorrer do texto bíblico vamos encontrar vários símbolos e sinais que podem ser lidos e colocados no chão da nossa existência. Vamos aos poucos descobrindo-os, através de nossas leituras.

Hoje vamos falar um pouco da experiência das primeiras comunidades cristãs. 

As primeiras comunidades vivem a experiência do amor de Deus e nos convidam a entrar na dinâmica da leitura simbólica para melhor compreender a Palavra de Deus, pois por trás de um texto bíblico tem sempre alguém ou uma comunidade falando de sua experiência com Ele.

Para as primeiras comunidades cristãs, a experiência de fé tinha como fundamento as escrituras. Elas sabiam que a relação de aliança entre Deus e o povo de Israel era considerada como um casamento. Assim se entendia a relação de Jesus e a comunidade como um matrimônio. Uma relação de amor entre Jesus e sua Igreja: a comunidade.

Olhando para as passagens bíblicas do Primeiro Testamento, podemos ver no do livro de Oséias, capítulos 1 e 2 o relacionamento existente entre Deus e Israel. Ele fala da própria experiência de seu casamento com uma mulher infiel, para falar da aliança de Deus com seu povo que também lhe foi infiel. Encontramos nesse texto, uma narrativa com linguagem simbólica da infidelidade conjugal utilizada pelo autor para explicar como o povo foi infiel a Deus, esqueceu-se de sua aliança, mas Deus, que não se esquece de seus filhos, permanece fiel e misericordioso.

Também encontramos em Isaias (Is 62,1-12), no capítulo 16 de Ezequiel e em outros livros da Bíblia, textos que expressam a relação de amor entre Deus e seu povo como a de um grande amor conjugal.

Refletindo sobre os ensinamentos desses textos, a comunidade cristã também vai expressar suas experiências com Deus em uma linguagem matrimonial. É a aliança de amor entre Jesus e seu povo apresentada no sentido alegórico como esposo. Essa relação de Cristo com a Igreja é refletida como o matrimônio que se inicia com a encarnação na qual ele assumiu a nossa humanidade, redimiu-a no Calvário, desposou-se com a Igreja e a perpetua no céu.

Neuza Silveira de Souza.

Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte