Paróquia

São João Paulo II

Padre Jefferson Antunes Nicolau do Carmo

Bacharelado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) — 2010, com ênfase em História da Filosofia (Filosofia Antiga).

Graduação em Teologia reconhecida pela Pontifícia Universidade Lateranense (Roma) — diploma/registro em 2014.

Especialização lato sensu em Direito Canônico Matrimonial pelo Instituto Santo Tomás de Aquino — 2018.

Vice-Chanceler da Cúria/Chancelaria da Arquidiocese de Belo Horizonte.

Atua no Tribunal Eclesiástico / Tribunal Arquidiocesano — entre as funções relacionadas, é mencionado como Defensor do Vínculo (função típica de tribunais eclesiásticos em causas matrimoniais).

Formador da Etapa do Propedêutico.

Pároco da Paróquia Santa Efigênia, Belo Horizonte.

Capelão da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais – Belo Horizonte.

Comunidade São João Paulo II – Propedêutico

A Comunidade São João Paulo II, correspondente à etapa do Propedêutico, é o ponto de partida do itinerário formativo dos candidatos ao sacerdócio ministerial na Arquidiocese de Belo Horizonte. Esta fase é compreendida como um tempo de iniciação, discernimento e fundamentação da vocação presbiteral, em que se busca consolidar e aperfeiçoar, mediante uma vivência espiritual, litúrgica e comunitária, os aspectos únicos e irrepetíveis da personalidade de cada vocacionado, nos quais se há de plasmar a identidade própria do padre diocesano.

O Propedêutico, conforme a Ratio Fundamentalis Institutionis SacerdotalisO Dom da Vocação Presbiteral (2016), é uma etapa indispensável e insubstituível na formação inicial. Ele visa oferecer ao vocacionado um tempo favorável de escuta de Deus, de autoconhecimento e de amadurecimento humano e espiritual, preparando-o para as etapas subsequentes do Discipulado (Filosofia) e da Configuração (Teologia).


1. Sentido teológico e vocacional da etapa propedêutica

O tempo do Propedêutico é uma etapa de fundação e discernimento vocacional. Nele, o candidato é chamado a acolher o chamado de Cristo com liberdade interior e disponibilidade de coração, aprendendo a discernir os sinais da presença de Deus em sua história pessoal.

É o momento de aprofundar a amizade com Jesus, configurando-se ao Seu modo de pensar, sentir e agir, mediante uma intensa vida espiritual e comunitária. Trata-se de uma etapa de “conversão inicial”, como indica a Ratio Fundamentalis: “O tempo propedêutico é uma fase de transição e de discernimento vocacional, que prepara o seminarista para as etapas seguintes da formação, consolidando as bases humanas e espirituais necessárias” (RFIS, n. 59).

Nesta comunidade, o processo formativo está voltado para a integração entre fé, vida e razão, orientando o vocacionado a amadurecer na consciência do chamado recebido e na decisão de segui-lo generosamente.


2. Dimensão espiritual: iniciação à vida de oração e à espiritualidade bíblica

A dimensão espiritual constitui o coração desta etapa. A vida de oração, a escuta assídua da Palavra de Deus, a celebração da Eucaristia e o cultivo da devoção mariana estruturam o caminho interior do seminarista.

O Propedêutico é, assim, um tempo de iniciação à vida espiritual e comunitária. Nele, o vocacionado aprende a rezar com simplicidade e perseverança, a participar ativamente da liturgia e a integrar fé e vida no cotidiano.

A espiritualidade bíblica ocupa lugar central. Por meio do estudo e da meditação das Sagradas Escrituras, o seminarista é conduzido à intimidade com Cristo e à escuta obediente de Sua Palavra, aprendendo a fazer da Bíblia o alimento diário de sua caminhada.

Trata-se de um tempo em que o Espírito Santo molda o coração do vocacionado, ajudando-o a amadurecer na fé, na esperança e na caridade, preparando-o para viver a radicalidade evangélica que o ministério presbiteral exige.


3. Dimensão humana: amadurecimento e formação integral

A formação humana, durante o Propedêutico, é compreendida como o alicerce de toda a formação sacerdotal (Pastores Dabo Vobis, 43). Nessa fase, busca-se a consolidação da personalidade e o desenvolvimento das virtudes humanas que favorecem a liberdade interior, a maturidade afetiva e o equilíbrio emocional.

A vida comunitária, o acompanhamento psicológico e espiritual, e a formação ética e cultural visam ajudar o seminarista a crescer em responsabilidade, humildade e capacidade de convivência fraterna.

O aperfeiçoamento das posturas de urbanidade e civilidade é também parte essencial dessa etapa. A convivência e o aprendizado das virtudes sociais e eclesiais conduzem o vocacionado a tornar-se “mais plenamente humano” e capaz de viver em comunhão e serviço.

Como afirma a CNBB, “o processo formativo deve favorecer a integração harmoniosa de todas as dimensões do ser humano, orientando-o para o amadurecimento na fé e na vida comunitária” (CNBB, Doc. 110, n. 95).


4. Dimensão intelectual: iniciação à vida acadêmica e doutrinária

A dimensão intelectual, nesta fase, tem caráter iniciático e preparatório. O vocacionado é introduzido ao estudo sistemático da fé, com ênfase no aprofundamento da espiritualidade bíblica e da doutrina católica.

Além disso, o seminarista é convidado a aprimorar seus conhecimentos culturais e acadêmicos, desenvolvendo hábitos de leitura, escrita, reflexão e expressão. São trabalhadas as bases do pensamento crítico e a abertura à verdade, em consonância com o horizonte filosófico e teológico que sustentará as etapas seguintes.

O Propedêutico, nesse sentido, forma a mente e o coração do futuro presbítero para a sabedoria, a disciplina intelectual e o amor pela verdade, elementos indispensáveis ao ministério pastoral.


5. Dimensão pastoral: inserção inicial na realidade eclesial

Embora o foco do Propedêutico esteja no amadurecimento pessoal e espiritual, ele também introduz o vocacionado à realidade pastoral da Arquidiocese de Belo Horizonte.

Por meio de programas e projetos específicos, os seminaristas são inseridos em atividades que lhes permitem conhecer mais profundamente a vida e a missão da Igreja Particular: suas comunidades, estruturas pastorais, organismos e desafios evangelizadores.

Essa inserção inicial desperta no vocacionado o amor pela Igreja diocesana e o desejo de servi-la com dedicação e espírito missionário, reconhecendo-se parte de um presbitério a serviço do povo de Deus.


6. Dimensão comunitária e eclesial

A Comunidade São João Paulo II é um ambiente de comunhão, fraternidade e corresponsabilidade. Nela, o vocacionado aprende a viver em comunidade, partilhando a vida, a fé e os desafios da caminhada formativa.

A convivência fraterna, marcada pelo diálogo, pela escuta e pela partilha, constitui um verdadeiro espaço de aprendizado da vida eclesial. O seminarista é chamado a cultivar atitudes de respeito, obediência e serviço, que o prepararão para a comunhão presbiteral e a vida ministerial futura.


Referências Documentais

  • Concílio Vaticano II, Optatam Totius (Decreto sobre a formação sacerdotal), 1965.

  • São João Paulo II, Pastores Dabo Vobis (Exortação Apostólica sobre a formação dos sacerdotes), 1992.

  • Congregação para o Clero, Ratio Fundamentalis Institutionis SacerdotalisO Dom da Vocação Presbiteral, 2016.

  • Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Diretrizes para a Formação dos Presbíteros na Igreja no Brasil, Documento 110, 2019.

  • CNBB, Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil, Documento 93, 2001.

  • Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 2013.

  • Papa Francisco, Gaudete et Exsultate, 2018.

  • Arquidiocese de Belo Horizonte, Diretrizes Arquidiocesanas para o Ministério Presbiteral e o Diaconato Permanente, 2020.

  • Seminário Arquidiocesano Coração Eucarístico de Jesus (SACEJ), Itinerário Formativo – Etapa do Propedêutico, Arquidiocese de Belo Horizonte, 2022.