Bom Pastor
Padre Evandro Campos Maria

Graduação em Filosofia — Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), de 1995 a 1997.
Graduação em Teologia — PUC-Minas, de 1998 a 2001.
Especialização em Ensino Religioso — PUC-Minas, entre 2001-2002.
Mestrado em Teologia — Pontificia Università Gregoriana (Roma), 2005-2009. Título de tese: “Revelação e antropologia: a relação paradoxal do mistério divino e o humano em Henri de Lubac”.
Reitor do Seminário Arquidiocesano Coração Eucarístico de Jesus (SACEJ)
Ele é responsável pela direção geral do seminário, cuidando da formação dos seminaristas nas dimensões intelectual, espiritual, humana, afetiva, etc.
Diretor do Instituto de Filosofia e Teologia Dom João Resende Costa da PUC Minas
Membro do Conselho de Formação da Comunidade de Teologia do Seminário Arquidiocesano
Comunidade da Configuração Teologia da Arquidiocese de Belo Horizonte
A Comunidade da Configuração Teologia constitui uma etapa fundamental do processo formativo presbiteral na Arquidiocese de Belo Horizonte. Nela, o seminarista é chamado a integrar, de modo maduro e consciente, as dimensões espiritual, humana, intelectual e pastoral da sua vocação. Essa comunidade caracteriza-se pela articulação entre a vida acadêmica própria da graduação em Teologia e a inserção pastoral efetiva nas comunidades eclesiais, particularmente por meio de responsabilidades de coordenação e acompanhamento pastoral.
É precisamente nesta etapa que se tornam mais visíveis, no seminarista, os traços próprios de um ministro ordenado, elementos essenciais para o exercício do pastoreio do Povo de Deus. Trata-se, portanto, de uma fase de configuração a Cristo Pastor e Servo, momento privilegiado de consolidação da identidade vocacional e de amadurecimento das virtudes necessárias ao ministério presbiteral.
1. Finalidade teológico-formativa
A etapa da Configuração Teologia tem como finalidade conduzir o seminarista a uma configuração interior e existencial com Cristo Bom Pastor, conforme o itinerário proposto pela Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis – O Dom da Vocação Presbiteral (2016).
É um tempo de síntese vocacional, no qual o seminarista é chamado a unificar fé, razão e vida, articulando o estudo teológico com o serviço pastoral, sob a inspiração do Espírito Santo. A formação intelectual, aprofundada nas ciências teológicas, deve iluminar o agir pastoral e alimentar a vida espiritual, numa integração progressiva das quatro dimensões formativas: humana, espiritual, intelectual e pastoral (cf. Pastores Dabo Vobis, 43-59; CNBB, Doc. 110).
A Comunidade da Configuração Teologia, portanto, tem o propósito de ajudar o seminarista a amadurecer a própria personalidade, consolidando sua liberdade interior e sua afetividade equilibrada, de modo a torná-lo capaz de doação plena à Igreja e de serviço generoso ao povo de Deus.
2. Vida acadêmica e formação teológica
No âmbito acadêmico, a etapa da Configuração coincide com a graduação em Teologia, espaço privilegiado para o estudo sistemático da fé. O seminarista aprofunda-se no conhecimento da Revelação, da Sagrada Escritura, da Tradição viva da Igreja, da Teologia Dogmática, Moral, Pastoral, Espiritual, Litúrgica e dos desafios ético-sociais contemporâneos.
A formação teológica, além de capacitar o futuro presbítero para o exercício do magistério pastoral e da evangelização, deve ser vivida como verdadeira experiência de discipulado intelectual. O seminarista é chamado a pensar com a Igreja (sentire cum Ecclesia), cultivando fidelidade ao Magistério e abertura ao diálogo com as ciências e a cultura contemporânea, conforme as orientações do Concílio Vaticano II e das Diretrizes para a Formação dos Presbíteros na Igreja no Brasil (CNBB, Doc. 110, n. 171-190).
3. Inserção pastoral e exercício da caridade pastoral
A formação pastoral, na Comunidade da Configuração Teologia, é marcada por uma inserção responsável e progressiva nas comunidades paroquiais e organismos eclesiais da Arquidiocese. Essa presença pastoral, acompanhada por formadores e presbíteros, favorece o exercício da caridade pastoral e a identificação concreta com a missão evangelizadora da Igreja.
O seminarista é chamado a participar de atividades de coordenação pastoral, catequese, liturgia, acompanhamento de grupos e movimentos, e ação social, de modo a unir o conhecimento teológico à práxis evangelizadora. Assim, o estudo e a pastoral se iluminam mutuamente, permitindo que o seminarista integre reflexão, ação e oração na dinâmica do serviço e da comunhão eclesial.
A Ratio Fundamentalis ressalta que “a pastoral é o critério de verificação da autenticidade da formação sacerdotal” (RFIS, n. 119). Por isso, nesta etapa, o seminarista aprende a viver o ministério como serviço, amadurecendo na humildade, no zelo apostólico e na disponibilidade missionária.
4. Dimensão espiritual e configuração a Cristo
A espiritualidade na etapa da Configuração é essencialmente cristocêntrica e pastoral. Inspirada na figura do Bom Pastor, a vida espiritual do seminarista é alimentada pela escuta orante da Palavra, pela Eucaristia, pela Liturgia das Horas, pela devoção mariana e pela vida comunitária fraterna.
Trata-se de cultivar uma espiritualidade de comunhão, sustentada na oração pessoal e comunitária, na direção espiritual regular e na prática sacramental. O seminarista é chamado a crescer na docilidade ao Espírito Santo, no amor à Igreja e na configuração interior a Cristo Servo e Pastor.
O dom do celibato, vivido com maturidade afetiva e liberdade interior, é expressão dessa consagração total a Deus e sinal da entrega ao Reino (cf. Presbyterorum Ordinis, 16; Pastores Dabo Vobis, 50).
5. Dimensão comunitária e vida fraterna
A Comunidade da Configuração Teologia é, antes de tudo, um espaço eclesial de comunhão. A convivência fraterna entre seminaristas e formadores, a corresponsabilidade nos serviços e o exercício do diálogo constante são elementos formativos indispensáveis.
A vida comunitária, vivida com caridade e respeito mútuo, é expressão visível da comunhão presbiteral à qual o seminarista é chamado. Nessa convivência, aprendem-se virtudes como paciência, escuta, obediência e espírito de serviço, essenciais à vida sacerdotal e ao trabalho pastoral em equipe.
6. Maturidade vocacional e horizonte missionário
Ao longo dessa etapa, o seminarista é constantemente convidado ao discernimento vocacional, verificando a autenticidade de sua chamada ao ministério ordenado. A maturidade afetiva, intelectual e espiritual deve refletir-se em atitudes concretas de serviço, responsabilidade e coerência de vida.
O horizonte missionário é determinante: o seminarista, configurado a Cristo e inserido na realidade pastoral, aprende a ser “pastor com o cheiro das ovelhas” (Papa Francisco, Chrism Mass Homily, 2013), testemunha da misericórdia e da ternura de Deus no meio do povo.
Assim, a Comunidade da Configuração Teologia prepara o futuro presbítero a viver sua vocação em comunhão com o Bispo, em unidade com o presbitério e a serviço da Igreja Particular de Belo Horizonte, segundo o coração do Bom Pastor.
Referências Documentais
Concílio Vaticano II, Presbyterorum Ordinis (Decreto sobre o ministério e a vida dos presbíteros), 1965.
Concílio Vaticano II, Optatam Totius (Decreto sobre a formação sacerdotal), 1965.
São João Paulo II, Pastores Dabo Vobis (Exortação Apostólica sobre a formação dos sacerdotes), 1992.
Congregação para o Clero, Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis – O Dom da Vocação Presbiteral, 2016.
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Diretrizes para a Formação dos Presbíteros na Igreja no Brasil, Documento 110, 2019.
CNBB, Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil, Documento 93, 2001.
Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 2013.
Papa Francisco, Amoris Laetitia, 2016.
Papa Francisco, Christus Vivit, 2019.
Arquidiocese de Belo Horizonte, Diretrizes Arquidiocesanas para o Ministério Presbiteral e o Diaconato Permanente, 2020.
Seminário Arquidiocesano Coração Eucarístico de Jesus (SACEJ), Itinerário Formativo – Etapa da Configuração Teologia, Arquidiocese de Belo Horizonte, 2022.