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Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade: o compromisso de preservar e defender a Serra da Piedade

Do alto da Serra da Piedade, no município de Caeté, avista-se um mar de montanhas, sem fim, coberto por uma vegetação de rara diversidade. Animais e plantas das muitas espécies nativas da Mata Atlântica, dos Campos Rupestres e do Cerrado se reúnem em harmonia para compor um cenário de beleza incomum.   Uma paisagem que poderia ser bem diferente se não fosse um grupo muito especial formado por dez pessoas dedicadas à prevenção e combate aos incêndios florestais. Elas integram a Brigada Sensp, mantida pelo Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade – há quase três séculos guardião de toda a biodiversidade da região.

Desde muito jovem, o caeteense Renato Luciano Sanches, ajuda a combater os incêndios florestais na Serra da Piedade, onde cresceu. No início, movido pelo amor à natureza e ao lugar, sem qualquer treinamento, se embrenhava nas matas para ajudar a apagar o fogo, muito mais frequente em tempos de estiagem. “A Serra da Piedade é a minha segunda casa e ver tudo ardendo em chamas me dava muita tristeza. E a gente não desistia até apagar a última brasa”.  Assim, a partir da criação da Brigada Sensp  pelos padres do Santuário, com treinamento do Corpo de Bombeiros, Renato logo se interessou em participar. Após a capacitação, passou a integrar o grupo, que recebeu dos padres todo o equipamento destinado à segurança pessoal e ao combate às chamas. “Hoje temos as condições necessárias para enfrentar as altas temperaturas e o difícil acesso, pois o terreno é muito acidentado”- explica o brigadista, que não esconde o orgulho de realizar um trabalho tão importante ao lado dos companheiros.

Desde os velhos tempos ao lado de Renato na defesa da Serra da Piedade,  Lukas Evangelista Fonseca seguiu o mesmo caminho do amigo. Passou pelo treinamento e hoje integra a Brigada Sensp.  E embora o combate ao fogo faça parte de sua rotina, há tanto tempo, ele se comove: “A gente fica abalado quando vê a destruição, o desespero dos animais, bichos mortos por toda parte. E não é só o sofrimento daquela hora, pensar que a natureza ainda vai levar muitos anos para se recuperar é muito angustiante. Por isso, não podemos desistir e sempre buscar a prevenção, procuramos conscientizar as pessoas, quando temos oportunidade, e cuidamos com capricho dos aceros, para evitar um possível incêndio”- explica Lukas, que também é natural de Caeté.

Mesmo com todos os cuidados, o fogo não tem hora para começar. Seja dia ou noite, a qualquer ameaça de queimada nas matas da Serra da Piedade, Maria Antônia Moreira veste o macacão, reúne os equipamentos de segurança e parte com a Brigada Sensp para o local. A única mulher do grupo é valente, muito bem treinada, e tem o respeito e a confiança dos colegas. Caeteense, Toninha cresceu em um sítio, ao pé da Serra da Piedade e lembra com nostalgia os tempos em que acompanhava a mãe até o Santuário da Padroeira de Minas.

Ser brigadista era um antigo sonho que hoje Maria Antônia, a Toninha, realiza com orgulho. “É preciso proteger esse lugar com todas as nossas forças. As pessoas, às vezes não têm ideia da quantidade de focos de incêndio que surgem no período de seca. Lá do Santuário a gente fica atento o dia inteiro para agir com rapidez, pois as consequências são sempre graves para as nascentes, a fauna e a flora. Para realizar esse trabalho com eficiência, além do preparo técnico é preciso muita entrega e amor” – conclui a brigadista.

Hoje, Renato, Lukas e Maria Antônia, que vivem com suas famílias em Caeté, sobem a Serra da Piedade, todos os dias, rumo Nossa Senhora da Piedade (Sensp), onde são funcionários contratados. Passam o dia realizando suas muitas atividades, mas sempre atentos a qualquer sinal que ajude a Brigada Sensp iniciar o combate ao fogo o mais rápido possível, antes que atinja grandes proporções e se torne ainda mais difícil ser controlado.