Santuário Arquidiocesano

Paróquia Nossa Senhora de Lourdes (Lourdes)

07h30

09h
10h30
12h
18h
20h
07h
18h
07h
18h
07h
18h
07h
18h
07h
18h
07h30
16h45
Você está em:

[Artigo] O Caminho da Igreja na Evangelização dos Adultos – Bíblia, Sua Fonte Primeira – Neuza Silveira Souza

A Igreja está vivendo um grande momento de evangelização. Chamada a percorrer o caminho da catequese com os adultos, percebemos o quanto a Igreja tem se preocupado em ampliar seus espaços em busca de uma renovação da catequese, colocando-a como primazia. Vamos lembrar, primeiramente, o frutuoso pontificado São João Paulo II que, com sua Exortação Apostólica Catechesi Tradendae (1975), gerou um verdadeiro impulso inovador para a catequese. São João Papa II disse que a catequese com adultos é a principal forma de catequese, porque se dirige a pessoas que têm as maiores responsabilidades e a capacidade para viverem a mensagem cristã na sua forma plenamente desenvolvida (Catechesi Tradentae, isto é, catequese hoje, nº 43). Bento XVI também reiterou, várias vezes, a importância da catequese no processo da nova evangelização e, com a Carta Apostólica Fides per doctrinam (2013), ofereceu uma implementação concreta a esse compromisso. Ainda em 2013, o Papa Francisco, com sua Exortação Evangelli Gaudium, quis reafirmar o ele inseparável entre evangelização e catequese à luz da cultura do encontro. A catequese, desde então, procura se concentrar naquilo que é comum para os cristãos exercendo as tarefas de iniciação, instrução e educação, respeitando o ritmo de crescimento de cada um e as etapas de amadurecimento da fé.

O desafio continua e hoje a Igreja, considerada uma comunidade de fé, vida e testemunho é convidada a continuar no seu papel de discípula missionária de Cristo. Mas para bem exercê-lo, ela precisa de se inserir em uma boa formação catequética que lhe permita crescer e amadurecer na fé, superando a visão de que a catequese é somente para crianças.

O Diretório Nacional de catequese (2006) fala da Catequese com adultos como uma prioridade, coloca a Bíblia como fonte principal e o conteúdo da mensagem catequética “Jesus Cristo”. Nesse sentido, a Igreja percebe a necessidade de exaltar a importância da Palavra de Deus na vida da comunidade. Trata-se de uma de suas preocupações que é a de apresentar uma maneira de levar o povo a melhor ouvir o que Deus quer comunicar. Nós nos constituímos Igreja/comunidade pelo acolhimento do anúncio da Palavra, pela escuta. Mas uma escuta que leve à ação. A escuta deixa marcas, enriquece a vivência espiritual, amadurece o conhecimento dos desafios.

A apresentação da mensagem evangélica ao povo é para a Igreja um dever, pois ela representa a beleza da revelação, comporta uma sabedoria que não é deste mundo e é capaz, por si só de suscitar a fé, ou seja, fazer brotar e ou crescer uma fé madura que sustenta a vida em Deus. Ela é capaz de levar a uma experiência concreta, vivida com verdadeira participação, refletida, re-interpretada de tal forma que provoque transformações, que impulsione para uma mudança de vida com novos conteúdos e favoreça um sentido de vida existencial.

A Palavra de Deus é a base para oração. Conhecer a Bíblia implica colocá-la na vida. Nós católicos, rezamos, mas nem sempre oramos. Na catequese, muitas vezes se ensina mais a rezar (recitar orações) do que a orar como resposta a Deus que Se comunica conosco. Mas a catequese tem sua função primordial de transmitir a palavra de Deus. A catequese introduz, inicia na escuta e na acolhida da Palavra e do ensinamento dos Apóstolos, na liturgia, na vida moral evangélica e na oração.

A catequese quando bem trabalhada e vivenciada ela desperta no coração do homem o desejo de Deus, sua busca e contemplação. Ela tem suas raízes na revelação cristã. Portanto, a catequese deve tomar como modelo a pedagogia de Jesus. Seu jeito simples de ser e viver. Um agir que nos convida a se colocar no seu seguimento e a se empenhar na comunidade como seus discípulos e discípulas missionários. Daí a prioridade da catequese com adultos para que eles sejam os discípulos missionários de Cristo que ajudarão a levar o anúncio a todas às nações em cumprimento à ordem do Cristo Ressuscitado: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, ensinando-os a observar tudo quanto vos ordenei” (MT 28,19-20).

O Diretório para a Catequese (2020) chega para iluminar novos caminhos e itinerários. Ele articula bem os conteúdos da catequese em uma estrutura renovada e sistemática. A organização dos temas buscou considerar as diversas e legítimas sensibilidades eclesiais. Na primeira parte (A missão evangelizadora da Igreja) temos os fundamentos do percurso catequético: A revelação de Deus e a sua transmissão na Igreja nos traz uma reflexão sobre a dinâmica da evangelização no mundo contemporâneo; características de sua natureza, finalidade, atividades e fontes; a identidade e formação do catequista. Na segunda parte (O processo da catequese), apresenta-se a dinâmica da catequética, estudos estes que serão refletidos mais à frente. Na terceira parte (A catequese nas Igrejas particulares, mostra como o ministério da Palavra de Deus toma forma na concretude da vida eclesial. As Igrejas particulares, em todas as suas articulações, cumprem a missão do anúncio do Evangelho, nos diversos contextos em que estão inseridas. Acrescenta-se ainda, uma reflexão atual sobre a cultura digital e questões da Bioética, o que vem favorecer o grande debate dos nossos tempos.

Diante da complexidade do nosso tempo para fazer a experiência de fé que nos levam ao encontro pessoal com a Pessoa de Jesus Cristo, nos deparamos com o desafio da catequese com os adultos que serão os grandes interlocutores dentro do processo de evangelização da Igreja. Diante do amadurecimento na fé, todos os catequistas serão desafiados a bem exercer seu ministério para a constituição de bons discípulos missionários de Cristo.

Neuza Silveira de Souza.

Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.