meu dia em oração
Desça, Zaqueu! Hoje preciso ficar em sua casa
O martírio ocupa lugar de destaque nos livros dos Macabeus. Na leitura de hoje, lemos a história de Eleazar (amanhã seguirá a dos sete irmãos). Eles se tornaram exemplares na tradição judaica e serviram de modelo para os martírios narrados pela tradição cristã.
1ª Leitura
Eleazar era um dos principais doutores da Lei, homem de idade avançada, mas com rosto de traços ainda belos. Queriam obrigá-lo a comer carne de porco, enfiando-a boca adentro. Ele, porém, que preferia morte honrada a viver envergonhado, dirigiu-se espontaneamente para a tortura do tímpano, tendo antes cuspido fora o que lhe estava na boca. Assim é que devem fazer os que corajosamente querem resistir ao que não é permitido comer, nem mesmo por amor à própria vida. Os que dirigiam esse sacrifício proibido, velhos amigos de Eleazar, o chamaram de lado e lhe propuseram que pegasse carne permitida, por ele mesmo preparada, fingindo que comia a carne do sacrifício ordenado pelo rei. Se ele assim fizesse, estaria livre da morte e, pela antiga amizade que havia entre eles, o tratariam com benevolência. Ele, porém, tomou uma nobre decisão, coerente com a sua idade e com o respeito da velhice, coerente com a dignidade dos seus cabelos brancos e com a vida correta que levava desde a infância; acima de tudo, coerente com as santas leis dadas pelo próprio Deus. Ele respondeu prontamente: «Podem mandar-me para a mansão dos mortos. Em minha idade não fica bem fingir, senão muitos dos mais moços pensarão que um velho de noventa anos chamado Eleazar passou para os costumes estrangeiros. Com o seu fingimento, por causa de um pequeno resto de vida, eles seriam enganados, e eu só ganharia mancha e desprezo para a minha velhice. Ainda que no presente eu me livrasse do castigo humano, nem vivo nem morto conseguiria escapar das mãos do Todo-poderoso. É por isso que, se eu passar corajosamente para a outra vida, me mostrarei digno da minha idade. Para os mais moços posso deixar um exemplo honrado, mostrando como se deve morrer corajosa e dignamente pelas veneráveis e santas leis». Dito isso, foi imediatamente para o suplício. Os seus torturadores, que pouco antes queriam ser amáveis com ele, então se tornaram cruéis por causa do que ele dissera, ao considerar tudo aquilo uma loucura. Já quase morto, em meio às torturas, Eleazar ainda falou entre gemidos: «O Senhor, que possui a Santa Sabedoria, sabe que eu, podendo escapar da morte, suporto em meu corpo as dores cruéis da tortura, mas em minha alma estou alegre, porque sofro por causa do temor a Ele». E assim terminou sua vida. Sua morte deixou, não só para os jovens, mas também para todo o restante do povo, exemplo memorável de heroísmo e virtude. (2Mc 6,18-31)
Salmo ou Hino
Senhor, como são numerosos os meus opressores, aqueles que dizem a meu respeito: «Deus nunca vai salvá-lo». Tu porém, Senhor, és o escudo que me protege, que me faz erguer a cabeça. Eu grito ao Senhor e Ele me responde. Posso deitar-me, dormir e despertar, pois é o Senhor quem me sustenta. Não temo essa multidão de gente que em cerco se coloca contra mim. (Sl 3,2-7)
Evangelho do dia
Jesus tinha entrado em Jericó, e estava atravessando a cidade. Havia aí um homem chamado Zaqueu: era chefe dos cobradores de impostos, e muito rico. Zaqueu desejava ver quem era Jesus, mas não o conseguia, por causa da multidão, pois ele era muito baixo. Então correu na frente, e subiu numa figueira para ver, pois Jesus devia passar por aí. Quando Jesus chegou ao lugar, olhou para cima, e disse: «Desça depressa, Zaqueu, porque hoje preciso ficar em sua casa.» Ele desceu rapidamente, e recebeu Jesus com alegria. Vendo isso, todos começaram a criticar, dizendo: «Ele foi se hospedar na casa de um pecador!» Zaqueu ficou de pé, e disse ao Senhor: «A metade dos meus bens, Senhor, eu dou aos pobres; e, se roubei alguém, vou devolver quatro vezes mais.» Jesus lhe disse: «Hoje a salvação entrou nesta casa, porque também este homem é um filho de Abraão. De fato, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.» (Lc 19,1-10)
Vivendo a Palavra
Às vezes nós nos colocamos na posição de Zaqueu e, de cima da árvore (pensando em nos manter à margem da história) tentamos ver Jesus passar. Tomemos consciência de que Ele nos chama e desçamos para acolher o Mestre em nossa casa – a nossa morada interior –, dispostos a reparar a omissão ou o medo que nos escravizam.
Oração Final
Pai Santo, dá-nos coragem para fazer parte da história, e força para seguir o exemplo de Zaqueu. Que o nosso egoísmo não nos impeça de buscar a conversão, de ouvir, viver e anunciar aos irmãos a tua Palavra Encarnada – Jesus de Nazaré. Pelo mesmo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão na unidade do Espírito Santo.
Como foi seu momento de oração?
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