meu dia em oração
Cuidado para não condenar à morte o inocente
Na longa história do livro de Daniel, que nos mostra a primeira leitura de hoje, o Senhor usa a inteligência do jovem Profeta para preservar a pura Suzana da injustiça. No Evangelho, Jesus estende o conceito de justiça, mostrando misericórdia.
Salmo ou Hino
O Senhor é o meu pastor. Nada me falta. Em verdes pastagens me faz repousar; para fontes tranquilas me conduz, e restaura minhas forças. Ele me guia por bons caminhos, por causa do seu nome. Embora eu caminhe por um vale tenebroso, nenhum mal temerei, pois junto a mim estás; teu bastão e teu cajado me deixam tranquilo. Diante de mim preparas a mesa, à frente dos meus opressores; unges minha cabeça com óleo, e minha taça transborda. Sim, felicidade e amor me acompanham todos os dias da minha vida. Minha morada é a casa do Senhor, por dias sem fim. (Sl 23, 1-6)
1ª Leitura
Havia um morador de Babilônia chamado Joaquim. Ele tinha casado com uma mulher de nome Susana, filha de Helcias, e que era muito bonita e muito religiosa. Os pais dela eram gente correta e tinham instruído a filha na lei de Moisés. Joaquim era muito rico e tinha um grande jardim ao lado de sua casa. Os judeus costumavam se reunir aí, porque Joaquim era o mais respeitado de todos eles. Nesse ano, tinham sido nomeados dois juízes, chefes de família conselheiros do povo, aqueles de quem falou o Senhor: «A injustiça brotou na Babilônia, vinda dos velhos juízes que passam por guias do povo». Eles freqüentavam a casa de Joaquim e era aí que as pessoas iam procurá-los quando tinham alguma coisa para resolver. Sempre que o povo ia-se embora, por volta do meio-dia, acontecia que Susana saía para dar umas voltas no jardim do seu marido. Todos os dias, os dois senhores viam Susana sair e dar as suas voltas. Foi assim que começaram a cobiçá-la. Eles procuraram desviar o próprio pensamento para não olhar o céu nem se lembrarem de seus justos julgamentos. Os dois estavam esperando ocasião oportuna, quando um dia ela saiu só com duas empregadas, como nos outros dias, e teve vontade de tomar banho no jardim, porque estava fazendo calor. Não havia mais ninguém, a não ser os dois senhores que estavam escondidos, observando Susana. Ela disse às empregadas: «Tragam óleo e perfume e fechem as portas do jardim, que eu vou tomar banho». Foi só as empregadas saírem, e os dois senhores deixaram o esconderijo e foram ao encontro de Susana. E lhe disseram: «Olhe! Os portões do jardim estão fechados e ninguém está vendo a gente. Nós estamos desejando você. Concorde conosco, vamos manter relações. Se não concordar, nós acusamos você, dizendo que um rapaz estava aqui com você e que por isso você mandou as empregadas saírem». Susana deu um suspiro e disse: «A coisa está complicada para mim de todos os lados: se eu fizer isso, estou condenada à morte; se não fizer, sei que não conseguirei escapar das mãos de vocês. Mas eu prefiro dizer ‘Não!’ e cair nas mãos de vocês; é melhor do que cometer um pecado contra Deus». Em seguida, ela gritou bem forte, mas os dois senhores também gritaram, falando contra ela. Um dos dois correu e abriu os portões do jardim. O pessoal que estava dentro de casa, ao ouvir os gritos no jardim, entrou correndo pela porta lateral, para ver o que tinha acontecido com Susana. Então os dois senhores contaram a sua história. Os empregados ficaram envergonhados, porque nunca se tinha ouvido falar uma coisa dessas contra Susana. No outro dia, quando o povo se reuniu na casa de Joaquim, marido dela, os dois senhores chegaram com a cabeça cheia de planos malvados contra Susana, a fim de condená-la à morte. Na presença do povo, disseram: «Chamem Susana, a filha de Helcias, mulher de Joaquim». Foram buscá-la. Ela chegou, e com ela chegaram também seus pais, seus filhos e todos os seus parentes. Toda a sua família e todos os que a estavam vendo começaram a chorar. Os dois senhores se levantaram no meio do povo e puseram as mãos sobre a cabeça de Susana. Chorando, ela olhava para o céu, pois seu coração confiava no Senhor. Os dois senhores disseram: «Nós dois estávamos passeando a sós pelo jardim, quando chegou Susana acompanhada das duas empregadas. Logo depois, ela fechou os portões do jardim e mandou as empregadas embora. Então um rapaz foi ao seu encontro e se deitou com ela. Estávamos em outro canto do jardim e, ao ver essa imoralidade, corremos para o lado deles. Vimos os dois agarrados um ao outro, mas não pudemos segurar o rapaz, que era mais forte do que nós. Ele conseguiu abrir o portão e fugir. Seguramos Susana e lhe perguntamos quem era o rapaz, mas ela não quis contar. É esse o nosso depoimento». A assembléia acreditou neles, porque eram anciãos e juízes do povo, e condenou Susana à morte. Então Susana disse em alta voz: «Deus eterno, que conheces o que está escondido e tudo vês antes que aconteça, tu sabes muito bem que eles deram falso testemunho contra mim. Vou morrer, mas sem ter feito nada disso de que me acusam». O Senhor atendeu o clamor dela: ao ser conduzida para a morte, o Senhor despertou o santo espírito de um jovem de nome Daniel. Ele gritou forte: «Eu não tenho nada a ver com a morte dessa mulher. Estou inocente». Todo o povo se virou para ele. E lhe perguntaram: «O que é que você está dizendo?» De pé, no meio deles, Daniel disse: «Como vocês são idiotas, israelitas! Sem julgamento e sem uma idéia clara, vocês acabaram de condenar à morte uma israelita! Voltem para o tribunal, porque foi falso o testemunho desses homens contra ela». Todo o povo voltou correndo. Os senhores do Conselho, chefes de família, disseram a Daniel: «Por favor! Sente-se aqui conosco para nos explicar melhor tudo isso, pois Deus já lhe deu maturidade». Daniel disse: «Afastem longe um do outro, que eu vou interrogá-los». Depois de terem separado um do outro, Daniel disse a um deles: «Homem envelhecido em anos e crimes, agora seus pecados vão aparecer, tudo o que você já praticava, quando dava sentenças injustas, condenando o inocente e deixando livre o culpado. O Senhor diz: ‘Cuidado para não condenar à morte o inocente e o justo’. Se você viu mesmo, diga-me: debaixo de que árvore viu os dois abraçados?» Ele respondeu: «Debaixo de um lentisco». Daniel disse: «Muito bem! Você já mentiu direto contra a sua própria cabeça. O anjo de Deus já recebeu ordem de arrebentá-lo ao meio». Depois de mandá-lo embora, Daniel pediu para trazer o outro. E lhe disse: «Raça de Canaã, e não de Judá. A beleza da mulher fez você perder o rumo, a paixão embaralhou seu coração. Isso vocês faziam com as mulheres de Israel, e elas, com medo, se entregavam a vocês; mas esta filha de Judá resistiu à imoralidade de vocês. Diga-me: debaixo de que árvore você viu os dois abraçados?» Ele respondeu: «Debaixo de um carvalho». Daniel disse: «Você acaba de mentir direto contra a sua própria cabeça. Com a espada na mão, o anjo de Deus está esperando para cortá-lo ao meio e acabar com os dois». Toda a assembléia começou a aclamar, dando louvores a Deus que salva os que nele confiam. Depois, todos se ergueram contra os dois velhos, pois de suas próprias bocas Daniel tinha provado que eles estavam mentindo. Fizeram com eles o que queriam fazer com Susana, de acordo com a lei de Moisés. E foi assim que, nesse dia, eles condenaram os dois à morte e salvaram uma pessoa inocente. (Dn 13,1-9.15-17.19-30.33-62)
Evangelho do dia
Jesus foi para o monte das Oliveiras. Ao amanhecer, ele voltou ao Templo, e todo o povo ia ao seu encontro. Então Jesus sentou-se e começou a ensinar. Chegaram os doutores da Lei e os fariseus trazendo uma mulher, que tinha sido pega cometendo adultério. Eles colocaram a mulher no meio e disseram a Jesus: «Mestre, essa mulher foi pega em flagrante cometendo adultério. A Lei de Moisés manda que mulheres desse tipo devem ser apedrejadas. E tu, o que dizes?» Eles diziam isso para pôr Jesus à prova e ter um motivo para acusá-lo. Então Jesus inclinou-se e começou a escrever no chão com o dedo. Os doutores da Lei e os fariseus continuaram insistindo na pergunta. Então Jesus se levantou e disse: «Quem de vocês não tiver pecado, atire nela a primeira pedra.» E, inclinando-se de novo, continuou a escrever no chão. Ouvindo isso, eles foram saindo um a um, começando pelos mais velhos. E Jesus ficou sozinho. Ora, a mulher continuava ali no meio. Jesus então se levantou e perguntou: «Mulher, onde estão os outros? Ninguém condenou você?» Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» Então Jesus disse: «Eu também não a condeno. Pode ir, e não peque mais.» (Jo 8,1-11)
Vivendo a Palavra
Seria tão fácil fazer coro com os acusadores e condenar aquela mulher! Foi pega em flagrante em crime previsto na Lei; portanto, estava condenada. Mas, não era assim para Jesus. Por isto, estamos diante de uma das páginas mais bonitas escritas por mãos humanas sobre misericórdia, perdão, compaixão – ou, se quisermos, sobre o Amor.
Oração Final
Pai Santo, que a lição recordada hoje jamais seja esquecida por nós. Que a ternura e a compaixão estejam sempre presentes nos nossos encontros com os irmãos. Que sejamos sempre ágeis para perdoar, lentos para acusar e imunes à condenação de qualquer um de nossos irmãos. Pelo Cristo Jesus, Teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Como foi seu momento de oração?
Que mensagem ficou em seu coração? Deixe seus comentários.