As últimas edições do Censo promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam a tendência de diversificação das práticas religiosas entre brasileiros. Nesta realidade, a Igreja Católica é chamada a oferecer novas respostas aos anseios do mundo contemporâneo, fazendo-se cada vez mais próxima das pessoas. Com o objetivo de conhecer mais sobre a sua presença missionária, a Arquidiocese de Belo Horizonte, por meio do Centro de Geoprocessamento de Informações Pastorais e Religiosas (Cegipar/PUC Minas), mapeou todas as comunidades de fé da Capital Mineira e de outros 27 municípios que integram a área de abrangência da Arquidiocese. O primeiro mapeamento realizado na história da Arquidiocese, em 2012, constatou a existência de 1436 comunidades. Anos depois, em 2023, foi realizado o segundo mapeamento, que identificou 1535 comunidades. Ou seja, em 10 anos (de 2012 a 2022), nasceram 99 comunidades cristãs católicas nos municípios que integram o território da Arquidiocese de Belo Horizonte.
As comunidades de fé nascem a partir da união dos cristãos. Quando alcançam tamanho expressivo, as comunidades são constituídas paróquias, recebendo uma infraestrutura administrativo-pastoral para adequadamente estarem a serviço dos fiéis. Dentre as 99 comunidades que nasceram nos últimos anos está a Bom Jesus do Vale, na região do Vale do Sereno, município de Nova Lima. Elevada a Paróquia no dia 8 de dezembro de 2018, a comunidade de fé reúne, especialmente nos finais de semana, grande número de católicos, vindos de diferentes regiões da Arquidiocese de Belo Horizonte. Atualmente os fiéis estão unidos para edificar a igreja-sede da comunidade, que já está com obras avançadas, acolhendo importantes celebrações. Mas quem vê tanta força da fé cristã católica na região nem imagina que tudo começou com um grupo pequeno, de aproximadamente 70 pessoas, que se reuniam nas casas para rezar.
Empresária do ramo imobiliário, Maria Aparecida Miranda, mais conhecida como Cida Miranda, reside no Vale do Sereno e integra a comunidade Bom Jesus do Vale desde a sua origem. “Nos encontros, sonhávamos com a edificação de nossa igreja”, diz, lembrando que a região do Vale do Sereno é relativamente nova, com a construção de condomínios. Cida Miranda explica que as primeiras Missas foram celebradas em containers. “Os fiéis ficavam em cadeiras de plástico improvisadas. Após as celebrações, fazíamos um café comunitário – cada um levava um bolinho, biscoito ou café. Isto foi fortalecendo laços. Fomos conhecendo mais uns aos outros. O primeiro grupo tinha características de uma família”. Os laços de fraternidade e os vínculos de pertencimento, de acordo com Cida Miranda, são características marcantes da comunidade desde a sua origem, cultivadas e fortalecidas pelo pároco, padre Alexandre Fernandes. “É um padre que movimenta a comunidade. É uma comunidade que acolhe as pessoas”, resume.
A constituição de uma comunidade católica próxima de casa foi conquista importante para Cida Miranda, que pôde envolver ainda mais a sua família nas atividades promovidas pela Igreja. “Minha filha, por exemplo, participou de várias coroações de Nossa Senhora, integrou o Ministério de Música. Crescemos enquanto família dentro da Igreja”, avalia. Ela acrescenta que a comunidade Bom Jesus do Vale é muito acolhedora. “Uma comunidade muito viva. Já vi pessoas de outras confissões nas palestras realizadas na Igreja Bom Jesus do Vale”. Cida Miranda sublinha especialmente a presença da juventude, destacando que aproximadamente 800 jovens se reúnem nos diferentes grupos da comunidade paroquial.
