Fortalecimento dos leigos no anúncio do Evangelho

Todos os anos, o Congresso Arquidiocesano da Pastoral do Dízimo reúne grande número de peregrinos na Catedral Cristo Rei

“A Arquidiocese de Belo Horizonte, que sempre contou com uma atuação forte do laicato, em suas mais diversas frentes pastorais, associações e movimentos, passou a contar com novos impulsos para o fortalecimento dos leigos a partir da presença pastoral do arcebispo dom Walmor. A evangelização é sem dúvida o grande lócus onde os cristãos leigos exercem seu protagonismo”, avalia Camilo de Lelis, filósofo e presidente do Conselho Arquidiocesano dos Cristãos Leigos e Leigas da Arquidiocese. O protagonismo dos leigos encontra fundamento no Concílio Vaticano II, grande acontecimento vivido de 1962 a 1965, que preparou a Igreja para evangelizar no mundo contemporâneo. “No Concílio Vaticano II, a Igreja se reconheceu como Povo de Deus constituído pelos cristãos leigos e leigas, pela vida religiosa consagrada e pelo clero, todos trazendo em si a mesma dignidade cristã, dada pelo Batismo.” Evangelizar é missão de cada um. Ao mesmo tempo que são evangelizados, os cristãos também são evangelizadores – uma compreensão cada vez mais amadurecida na  Arquidiocese de Belo Horizonte, conforme explica o professor Camilo. Por meio de importantes investimentos na formação, a Arquidiocese reconhece a importância e procura preparar, cada vez mais, leigos e leigas para exercerem a liderança em suas comunidades de fé e em muitas outras frentes de evangelização. No caminho de preparação dos leigos, são promovidos retiros, momentos formativos, contemplando também formação acadêmica. Desse modo, leigos se capacitam para representar a Igreja em diferentes contextos da sociedade, explica o presidente do Conselho Arquidiocesano dos Cristãos Leigos e Leigas da Arquidiocese.

A primeira Assembleia da Pastoral Litúrgica, vivida em 2022, é marco de um itinerário dedicado à formação de leigos e leigas que se dedicam às celebrações da fé

Na caminhada de participação e missão das pessoas leigas, Camilo de Lelis destaca duas iniciativas muito relevantes: “Primeiramente, dom Walmor sempre incentivou o laicato a ser Igreja no cotidiano da vida urbana, como uma das expressões da Igreja no coração do mundo.” Camilo também recorda a representatividade e o espaço que cristãos leigos e leigas ocupam nas instâncias de decisão. Cita, para exemplificar, o Conselho Pastoral Arquidiocesano (CPA), que contempla a participação dos leigos, chamados a ajudar na construção de todo o planejamento pastoral da Arquidiocese. “Especialmente nos últimos 20 anos, destaco essa participação real e decisiva do laicato na Arquidiocese de Belo Horizonte, com o apoio e incentivo de nosso pastor, dom Walmor”, sublinha Camilo.

 

Formando para servir

 

Nas últimas décadas, a Arquidiocese de Belo Horizonte intensifica a oferta de momentos formativos e retiros dedicados aos evangelizadores leigos: Encontro Formativo promovido pelo Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético realizado na PUC Minas

“Ao longo dos últimos 20 anos, a formação dos leigos e leigas tem sido uma prioridade do nosso pastor, dom Walmor”, recorda padre Junior Vasconcelos, vigário da Região Episcopal Nossa Senhora da Esperança (Rense), lembrando que a formação se encontra tanto nas comunidades de fé quanto na universidade. “Neste horizonte, a PUC Minas tem ajudado a qualificar, ainda mais, os leigos e leigas para os trabalhos nas pastorais, nas comunidades, nas frentes onde eles estão atuando, preparando-os para a catequese, para a leitura bíblica”, observa padre Junior Vasconcelos. “Todo esse trabalho de formação acontece para o bem do Povo de Deus, que é evangelizado e evangelizador, no dia a dia de sua vida. Os fiéis leigos são capacitados continuamente para levar uma palavra de esperança, paz e alegria nos contextos onde estão inseridos.”

Para além da formação presencial, que acontece nos congressos, nos encontros, nos retiros, nos grupos de estudos, padre Junior Vasconcelos recorda que há também as frequentes formações on-line, por meio de lives e encontros no formato digital, o que trouxe enriquecimento, avanços, ampliando a inclusão de mais pessoas nos processos formativos. “A Arquidiocese de Belo Horizonte tem um histórico de vanguarda. Ela é um lumiar de esperança pastoral para a Igreja no Brasil e hoje uma Arquidiocese que marca o cenário brasileiro. Isso se deve à cabeça de pastores como dom Walmor, iluminadas pela sabedoria do Evangelho, capacitadas a ler os sinais dos tempos”, observa padre Junior, completando: “Como um grande estudioso da Sagrada Escritura, dom Walmor sempre quis que o Povo de Deus ouvisse a Palavra e se tornasse um proclamador. Nesse sentido, acredito que a Arquidiocese de Belo Horizonte tenha muitas experiências a partilhar com as dioceses do Brasil e do mundo.”

 

Multiplicando as experiências formativas, padre Junior Vasconcelos ressalta ainda o importante papel das regiões episcopais, que desenvolvem dedicado trabalho voltado para a qualificação constante dos agentes pastorais que atuam em movimentos e comunidades de fé. A qualidade e importância dos momentos formativos são refletidas pelo crescente número de participantes. O mais recente Congresso Arquidiocesano do Dízimo, realizado pelo Vicariato Episcopal para Ação Pastoral, por exemplo, reuniu mais de 800 agentes da pastoral na Catedral Cristo Rei – ocupação plena do auditório.

 

No coração do mundo

 

 

“Vivemos em um mundo plural onde as pessoas são influenciadas pela cultura da indiferença, do medo e da desconstrução de suas crenças frente a uma diversidade de práticas religiosas. Mas os cristãos, leigos e leigas, situados nesse emaranhado de culturas diferentes, não deixam perder sua vocação de batizados, iluminados pelo Espírito Santo recebido no dia de seu batismo”, recorda Neuza Souza, leiga, coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético.

 

Neuza lembra que a vocação não é somente de padres ou de religiosas: “Todos nós, seres humanos, somos vocacionados e todas as vocações são importantes e necessárias para o mundo, para a sociedade e para a Igreja.” Nos últimos 20 anos, Neuza sublinha o crescimento do exercício da vocação dos leigos na Arquidiocese de Belo Horizonte, onde, especialmente nas periferias, o laicato está à frente das atividades pastorais, com fé e coragem ardentes, protagonizando a organização das festas dos santos padroeiros, das novenas, da oração do Terço em comunidade, dos círculos bíblicos.

 

Neuza destaca ainda o bonito caminho dos leigos, se tornando novos protagonistas de um novo tempo. Na Arquidiocese de Belo Horizonte, este é um espaço aberto, e em constante construção, no qual os cristãos leigos e leigas são chamados a serem “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13,14), vivendo na Igreja e na sociedade, manifestando através das ações cotidianas uma espiritualidade que expressa a busca por Deus.