Evangelizar no coração das vilas e favelas

A criação da Paróquia Cristo Sol Nascente intensificou a presença ainda mais a evangelização na Vila Ideal, em Ibirité

A evangelização nas vilas e favelas inseridas no território da Arquidiocese de Belo Horizonte se intensificou nos últimos anos, com iniciativas dedicadas às comunidades mais pobres da Capital Mineira e de outros 27 municípios da região metropolitana. Dentre estas iniciativas, podem ser destacadas a designação de diáconos permanentes para fortalecerem a ação missionária nas muitas periferias geográficas – a primeira turma de diáconos permanentes da Arquidiocese de Belo Horizonte foi ordenada em 2012 – e a criação do Vicariato Episcopal para Ação Missionária – com o setor Vilas e Favelas. O Vicariato, criado em 2016 e fruto da 5ª Assembleia do Povo de Deus, articula trabalhos de evangelização que podem contribuir para levar a presença transformadora da Palavra de Deus aos territórios mais pobres. Para melhor conhecer a realidade da evangelização nas vilas e favelas, o arcebispo dom Walmor Oliveira de Azevedo solicitou estudo do Centro de Geoprocessamento de Informações Pastorais e Religiosas (Cegipar/PUC Minas) sobre a presença da fé cristã católica nos aglomerados urbanos. Em 2018, o Cegipar identificou que 137 paróquias da Arquidiocese de Belo Horizonte têm vilas e favelas em seu território. Quatro anos depois, em novo estudo realizado em 2022, a pedido do Arcebispo, o Cegipar concluiu que mais de 50 destas paróquias fortaleceram seus trabalhos, possibilitando a consolidação de novas comunidades de fé nas vilas e favelas. E a professora Izabella Carvalho, coordenadora do Cegipar, lembra: este fortalecimento ocorreu em período complexo, quando o mundo enfrentou o isolamento social para combater a pandemia da  Covid-19.

 

A comunidade, ao celebrar a fé, aprofunda compreensão sobre a própria realidade, qualificando ainda mais o exercício da cidadania

Dentre as comunidades que nasceram e estão contribuindo para unir e formar cristãos católicos nas vilas e favelas está a Cristo Sol Nascente, com a sede paroquial no bairro Sol Nascente, em Ibirité, mas que desenvolve inúmeras iniciativas na Vila Ideal, uma das regiões mais empobrecidas do município. O jovem Pedro Henrique de Jesus Assis, de 20 anos, estudante de Ciências Biológicas, lembra que, antes da criação da comunidade, a Vila Ideal recebia Missas apenas aos domingos. “E poucos fiéis participavam”, rememora. Essa realidade começou a mudar quando a comunidade paroquial Cristo Sol Nascente foi constituída. Houve, de acordo com o jovem, um grande incentivo ao protagonismo dos fiéis leigos, com a criação de pastorais. “Logo que chegou à comunidade, para Wagner Douglas convocou uma assembleia de fiéis, para escutar a comunidade. A partir da assembleia, os fiéis também aprofundaram conhecimento sobre a sua própria realidade. A Igreja, como voz profética, precisa entender o lugar onde ela está inserida”, avalia Pedro.

 

Antes, a Vila Ideal raramente recebia procissões. Agora, nas principais celebrações da Igreja, os fiéis testemunham a alegria de crer em Jesus caminhando pelas ruas da vila, lugares que o poder público não alcança, conforme explica o jovem acólito Pedro

O jovem conta com entusiasmo que a elevação da comunidade à Paróquia, durante solenidade celebrada no dia 11 de agosto de 2022, foi um marco na Vila Ideal. “Antes, os fiéis tinham que sair da Vila para participar das principais celebrações da Igreja. Agora, nos reunimos para celebrar a fé perto de nossas casas. Padre Wagner Douglas, por exemplo, faz questão de organizar procissões pelas ruas da Vila, às vezes passando por lugares com infraestrutura muito precária. Tudo isso fortalece o vínculo das pessoas com a Igreja – sentem-se, verdadeiramente, participantes”.

 

A Paróquia Cristo Sol Nascente reúne seis comunidades de fé – Cristo Sol Nascente, Maria Rosa Mística, Santo Onofre, Nossa Senhora Aparecida, Santo Expedito e São João Batista. O jovem Pedro é acólito nas celebrações e partilha, com entusiasmo: “Se antes a Missa dominical reunia pouca gente, hoje, as celebrações da Paróquia deixam a Igreja repleta. Tenho certeza de que cresceu o número de católicos na nossa comunidade.”