As duas últimas décadas marcaram a intensificação das iniciativas socioambientais promovidas pela Arquidiocese de Belo Horizonte. Acolhendo a convocação do Papa Francisco, a partir da Carta Encíclica Laudato Si’, sobre o cuidado com a casa comum, floresceram várias ações que interconectam a vivência da fé com a defesa da “casa comum”, a exemplo da instituição da Casa de Francisco, que promove a educação socioambiental, especialmente de crianças e jovens de escolas públicas. Outra ação importante é a Romaria pela Ecologia Integral, anualmente realizada, desde 2020. A sua primeira edição, marcada pela solidariedade, foi vivenciada em Brumadinho, cidade que sofre, ainda hoje, as consequências do rompimento de uma barragem com rejeitos de mineração.
Em comunhão com o magistério do Papa Francisco, foi instituído o setor ambiental na Arquidiocese de Belo Horizonte, vinculado ao Vicariato Episcopal para Ação Social, Política e Ambiental, com a nomeação de um vigário. A instância articula e promove o fortalecimento das ações socioambientais desenvolvidas pela Igreja e sua rede de comunidades. Outro momento emblemático ligado ao meio ambiente, que buscou inspirar ações concretas em defesa do planeta, foi o plantio de mudas de jequitibá, no ano do centenário da Arquidiocese de Belo Horizonte – Jubileu Jequitibá. Várias mudas da frondosa árvore foram plantadas em diferentes comunidades, com a partilha de reflexões sobre o dever cidadão e cristão de cuidar do planeta.
O vigário episcopal para o setor ambiental da Arquidiocese, frei Adilson Corrêa, explica que as ações socioambientais da Igreja Particular de Belo Horizonte orientam-se pela Laudato Si’ e também pela Exortação Apostólica Laudate Deum, em que o Papa Francisco se dedica a detalhar a relação entre fé, meio ambiente e as crises enfrentadas pela humanidade, inspirando-se na Palavra de Deus e nas lições de São Francisco de Assis. Papa Francisco faz um apelo para que cada pessoa cultive novos hábitos, sustentáveis, e crie modos de cuidar das riquezas naturais, da biodiversidade. Neste sentido, frei Adilson Corrêa, sublinha o crescente cuidado dedicado à casa comum na Arquidiocese de Belo Horizonte: “A temática ambiental ganhou força no pastoreio de dom Walmor, em plena comunhão com o Papa Francisco.”
Os Comitês Arquidiocesanos da Água, da Mineração, da Mineração na Serra da Piedade, o Fórum para a Ecologia Integral, as Romarias pela Ecologia Integral vão abrindo novos caminhos, explica frei Adilson. “Temos os articuladores e os semeadores da Ecologia Integral”, recorda. “Temos também a Casa de Francisco, com 16 hectares de Mata Atlântica, maior reserva verde de Belo Horizonte”, observa frei Adilson, que é franciscano, da Ordem dos Frades Menores.
Romaria pela Ecologia Integral
A Romaria Arquidiocesana pela Ecologia Integral se divide em duas jornadas. Uma delas, acontece nas regiões episcopais, de forma itinerante, a cada ano. Já a Romaria pela Ecologia Integral à Brumadinho se une às vítimas do rompimento da barragem com rejeitos de mineração, tragédia-crime que fez 272 vítimas. “Para nós são 273 joias, porque contamos também a morte do rio Paraopeba”, observa o cacique Aropawanã Xucuru Kariri, da aldeia Arapowã kakya Xucuru kariri, em Brumadinho, que participa, com o povo de sua aldeia, da Romaria Arquidiocesana. “A Igreja tem nos dado força. Tem nos ajudado nos debates com as grandes mineradoras, em defesa do meio ambiente, das águas, das árvores”, sublinha o cacique Aropawanã, observando ainda a importância da presença da Arquidiocese para fortalecer o coração de cada familiar da tragédia-crime.
As Romarias se desdobram, ao longo do ano, em iniciativas nos lares e nas comunidades, inspirando ações efetivas a partir das lições da Carta Encíclica Laudato Si’.